O Cativeiro do Nada
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Que será de mim
Quando for parte do nada?
E como será inglório esse nada
Quando outrora já fui vida?
Que amei e deixei de amar,
Que sonhei e deixei de sonhar,
Que criei e deixei de criar!
Como é que o principal capítulo,
O da existência,
Se resume apenas a três quartos de século,
Quando a realidade física é eterna?
Como é imparável esse nada
Que nos arrasta para o seu vazio
Que nos vulgariza aos olhos do Universo
Que transforma tudo o que fomos
Numa história sem conteúdo,
Numa palavra sem significado,
Num arquivo sem documentos!
É esse nada que nos espera,
Que nos aprisionou antes do advento da existência
E que não poupará ninguém à sua saga!
Mas há algo que não me posso lamuriar,
É que tive o privilégio singular
De ter escapado, nem que por instantes,
Das profundezas desse poço da inexistência.
E se tal aconteceu,
Contra toda a lógica e filosofia,
Então devo-o a Deus
Ou à Mãe Natureza!
Imagem retirada algures da Internet
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