Folhas Caídas
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Naquela tarde de Novembro,
Uma turba de folhas caídas
Populava pelas ruelas e calçadas
Despidas de entusiasmo e alegria.
As árvores sacudidas pelo vento,
Não resistiam a perder a sua verdura,
A pujança de outros tempos!
Cada folha voava anarquicamente
Rumo ao desaparecimento repentino,
Àquilo que dizem ser o nada.
Uma a uma esfumavam-se no horizonte,
Sobrevoando diante de um sol tímido
Numa solidão lúgubre que antecipa a partida final!
E cada folha abraçava o seu destino
Para se perder no esquecimento universal!
A última que observei emergiu diante da neblina
De tal forma, que senti a sua despedida
A amargura que aparentava nutrir
Antes de ser engolida por um rio próximo!
Quem é que se lembrará daquela folha?
E da sua árvore-mãe?
Quem se recordará do seu galho de residência
Onde convivia com as suas irmãs e amantes?
Não terá sido ela feliz?
E assim, naquela tarde nostálgica de Outono,
Convenci-me de que nós também somos folhas caídas
Libertadas por um céu enigmático,
Motivadas por sentimentos de pertença,
Mas destinadas a abraçar sozinhas
Um fim inglório.
Imagem retirada do Google
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