A Garça Vareira
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
No dealbar da Antiguidade,
Uma garça sobrevoava pelo litoral,
Petiscando peixes pelas margens marítimas,
E deixando-se enfeitiçar pelos seus namorados
Residentes nas águas brandas da Barrinha!
A sua plumagem branca
Era sinónimo de airosidade,
As suas pernas longas
Antecipavam viagens inesquecíveis,
O seu bico robusto
Faria impor as suas reivindicações!
Ela era vida, ela era emoção!
Naquele tempo, todo aquele manto verde
Estava livre do tormento humano
E da praga edificante!
Os seus namorados
De Esmoriz, Cortegaça e Maceda
Esperavam-na com pompa e circunstância,
Entrelaçando os seus olhares com carinho!
E foi, durante um dos seus rumos para sul,
Que desfrutaria do privilégio de ser mãe!
Naquela imensidão de árvores e caniços
A garça vareira daria sentido à sua existência,
Partilhando aquele Paraíso Selvagem
Com os seus futuros filhotes!
Quando lá chegara,
Os ninhos eram incontáveis:
Cegonhas, Gaivotas e Águias
Também experienciariam ali a sua maternidade
Reprodutora de uma linhagem
À qual, os futuros ocupantes humanos,
Apelidariam de Ovar!
Nota-Extra: Poema que tenta aflorar a teoria que sugere a eventualidade do nome de Ovar derivar afinal da forte presença da avifauna nos primórdios da civilização humana, tendo outrora existido muitos ninhos (e naturalmente ovos) naquela zona que seria coberta por um manto verde, além dos cursos de água.
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