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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

domingo, 5 de maio de 2019

Poema nº 344 - Armas Corrompidas


Armas Corrompidas
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)


Nunca idolatrei o culto das armas
Nem quero ser peão do ódio,
Mas respeito qualquer exército
Que zele pelo seu povo!
Cada soldado que sirva os pobres
Será um herói nacional,
Mas quando omite a sua missão
Por interesses políticos
Ou obscuridades proveitosas
Torna-se num cadáver andante
Escudeiro do embuste supremo
Fuzileiro contra a fraternidade!
E o povo,
Inocente e oprimido,
Sente a fome de direitos
A sede de justiça
Porque ninguém partilha a sua dor!


Crianças, não desistam da alegria
Mesmo que o pão escasseie em casa!
Idosos, se não tiverem camas
Preservem ao menos o vosso tecto
E não percam a esperança!
Pais, trabalhem até à exaustão
Até que as forças vos abandonem!
Os que se recusam a proteger-vos
Não são certamente soldados
Mesmo que trajem dessa forma.
As suas almas são predadoras,
O seu compromisso social é nulo,
A sua lealdade é ao Deus das Sombras,
E na verdade,
Só se fazem respeitar,
Não pelo mérito e amor do povo,
Mas pelo chumbo das armas corrompidas!





Imagem nº 1 - A crise política/social na Venezuela. Exército reprime manifestantes.
Retirada algures do Google Imagens

Poema nº 343 - Politólogo do Amor


Politólogo do Amor 
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)

Deves pensar que endoideci
E talvez
Tenhas razão
Mudei
Para que me esquecesses,
Simplifiquei a nossa despedida
Porque não queria que sofresses
E até eu me resguardei da dor,
Quiçá dirás
Que fui um cobarde,
Não me censures tanto
O destino me punirá por isso
Mas tu logo percebeste
Que eu não era digno de ti
Arquivaste o meu sorriso
Numa cave do teu subconsciente
Para que nunca mais fizesse despertar
O melhor dos teus mundos!
O teu anjo da guarda
Diz-te que estou em falta contigo
Mas nunca acredites nas promessas
Que saírem da minha boca:
Sou um politólogo do amor
Penso, escrevo e idealizo
Porém sou um mero teórico
Um demagogo da planície
Um semáforo dos teus sentidos,
Perdi-te numa maré da vida
Deixei ancorar-me na visão austera
De que não fomos feitos um para o outro!
Que venha agora a onda colossal
Para que isto só tenha sido um sonho!





Poema nº 342 - O Massacre dos Inocentes


O Massacre dos Inocentes
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)


O alarido irrompe pelo vilarejo
Soldados, mandatados pela morte,
Arribam para semear o pânico
Gritos ecoam pelas ruelas
E logo se ocasiona uma pintura lúgubre
Traços vermelhos esbatem-se nas paredes
Sangue salpicado de bebés inocentes
Cujo choro agudo foi suprimido
Pelo desferir das raivosas espadas!
Belém já não é um lugar de paz
Mas antes um cemitério de crianças
Cruelmente degoladas,
Abandonadas pelo solo
Ou nos braços das suas mães
Impotentes, incrédulas, devastadas!
Herodes, patrocinador do infanticídio,
Sente que o poder o endeusa,
E vive para a soberba e a ganância,
Mas algo o inquieta,
A sombra de um futuro
Que o vulgarize
Que possa trazer alguém superior!
A loucura do rei ímpio
Provocará nas mães rios de lágrimas
Que rasgarão o deserto
Desaguando no Mar Morto!
Mas o rei da Judeia é apenas um mortal,
Que incutiu temor nos súbditos,
Porém, o sol não deixou de nascer
E a lua não fez atrasar o tempo,
A hora de Herodes chegaria,
E o Menino que ele queria eliminar,
Nasceria mesmo em Belém
Como alegavam as profecias!
Entraria um dia em Jerusalém
Montado num jumento:
Não trazia ouro para corromper
Ou exércitos para impor o medo,
Apenas a primazia do amor
Um novo amanhã para a humanidade!





Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://pt.zenit.org/.../herodes-o-grande-um-covarde-com.../