O Voo da Águia Cazaque
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Voa águia, voa pelas montanhas
Procura o alimento da realização
Nesta vida cheia de artimanhas
Onde tu és ritual de superstição.
Voa águia, voa pelas montanhas,
Desfila as tuas garras de ataque
Concretiza as mais épicas façanhas
E volta ao braço do caçador cazaque!
Voa águia, voa pelas montanhas,
Auxilia o teu leal confidente em terra,
Traz-lhe alimento das áridas estepes
E faz afugentar os fantasmas da serra!
Voa águia, voa pelas montanhas,
Com o espírito de Genghis Khan
E a visão exímia de Marco Polo
Reivindica o céu que te prometeram.
Voa águia, voa pelas montanhas,
Exibe a tua plumagem dourada
A tua natureza imperial e honrada
Que consolidas nas tuas campanhas!
Voa águia, voa pelas montanhas,
És deusa sobre asas luminosas
Companheira do teu povo nómada
Que reconhece em ti sagas vitoriosas.
Direitos da Foto - Joel Santos Photography
Nota de contextualização - A arte de caçar com recurso a águias é um costume milenar da comunidade cazaque que vive no Cazaquistão e em algumas partes da Mongólia (a tradição destaca-se curiosamente mais nesta última região). A relação entre o homem e a águia é muito íntima, e assume aí uma dimensão mística. A águia dourada é um predador com prestígio pois caça lobos, raposas, coelhos... e de facto, os seus serviços são cobiçados pelo povo nómada que aí vive. A sua plumagem pode não ser necessariamente dourada, embora tenha cores algo próximas. Também é um símbolo da bandeira do Cazaquistão, tentando recordar o domínio do imperador mongol Genghis Khan durante a era medieval.