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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

sábado, 15 de agosto de 2015

Poema nº 113 - O Voo da Águia Cazaque


O Voo da Águia Cazaque
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)


Voa águia, voa pelas montanhas
Procura o alimento da realização
Nesta vida cheia de artimanhas 
Onde tu és ritual de superstição.

Voa águia, voa pelas montanhas,
Desfila as tuas garras de ataque
Concretiza as mais épicas façanhas
E volta ao braço do caçador cazaque!

Voa águia, voa pelas montanhas,
Auxilia o teu leal confidente em terra,
Traz-lhe alimento das áridas estepes
E faz afugentar os fantasmas da serra!

Voa águia, voa pelas montanhas, 
Com o espírito de Genghis Khan 
E a visão exímia de Marco Polo
Reivindica o céu que te prometeram.

Voa águia, voa pelas montanhas,
Exibe a tua plumagem dourada
A tua natureza imperial e honrada
Que consolidas nas tuas campanhas!

Voa águia, voa pelas montanhas,
És deusa sobre asas luminosas
Companheira do teu povo nómada
Que reconhece em ti sagas vitoriosas.




Direitos da Foto - Joel Santos Photography



Nota de contextualização - A arte de caçar com recurso a águias é um costume milenar da comunidade cazaque que vive no Cazaquistão e em algumas partes da Mongólia (a tradição destaca-se curiosamente mais nesta última região). A relação entre o homem e a águia é muito íntima, e assume aí uma dimensão mística. A águia dourada é um predador com prestígio pois caça lobos, raposas, coelhos... e de facto, os seus serviços são cobiçados pelo povo nómada que aí vive. A sua plumagem pode não ser necessariamente dourada, embora tenha cores algo próximas. Também é um símbolo da bandeira do Cazaquistão, tentando recordar o domínio do imperador mongol Genghis Khan durante a era medieval.

Poema nº 112 - Nevoeiro Permanente


Nevoeiro Permanente
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)


Neste nevoeiro de paz minguante
Descortino a dúvida e a incerteza
Não sei se aguardo o sol triunfante
Ou se a chuva da torrencial tristeza!

Desconheço o futuro deste tempo
Que é-nos, no seu todo, indiferente!
Mas assisto ao bater das asas do vento
Ao voar das pombas e abutres do presente.

Chronos sente-se cansado e atordoado
Não sabe que caminho há-de seguir
Os deuses bem escutam as almas a carpir,
Porque o medo lhes foi, para já, sentenciado.

O anfiteatro está já com a lotação esgotada,
A luta entre o bem e o mal irá começar
Dum lado os leões que nos querem devorar,
Do outro, nós com uma esperança ilimitada!

Nesse dia, a neblina por fim se ocultará
A indefinição cessará com estrondo:
A luz irradiante do sol batalhará
Contra a escuridão deste mundo redondo!

Renascer ou desaparecer, vencer ou perder!
Não sabemos o que foi destinado à civilização
Mas empunhemos a espada com determinação:
Os maiores inimigos do bem haveremos de deter!







Notas extra - "Minguante" no sentido de declínio, diminuição da paz. Na mitologia grega, Chronos é o deus do Tempo e das Estações.

Poema nº 111 - Eleitor Indignado


Eleitor Indignado
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)


A política já não é uma nobre arte
Mas antes um ciclo inglório e viciado
Que semeia lágrimas por toda a parte,
Destruindo as ilusões do povo asfixiado!

Ó Política, serves tu agora aos poderosos?
Porque desgraças os pobres angustiosos?
Porque é que o nosso futuro emigrou?
Porque esqueces o que Abril te ensinou?

Teimas em fugir à justiça e à equidade
À lealdade e defesa da nossa ilustre turba,
Para te submeteres ao luxo e à vaidade.

Ó Política, estou cansado de te ver!!!
Quero o "divórcio", porque tu és dor,
Tu és cinzas do meu enlouquecer.

domingo, 9 de agosto de 2015

Poema nº 110 - A Musa "Esverdeada" da Aldeia


A Musa "Esverdeada" da Aldeia
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)


Os teus olhos verdes rubros
Figuram como oásis da tua aldeia
Despida de rouxinóis pelos Outubros
Mas dulcificada pela sublime sereia.

O teu irresistível perfume de maçã
Provém dos bosques enigmáticos 
Onde proliferam duendes mágicos
Que inspiram a tua fisionomia sã.

A tua pulseira de esmeraldas
O teu céu de infindáveis grinaldas
São versos faustosos da Mãe Natureza.

A verdura da tua aprazível paisagem 
É adocicada pelas zínias que te exaltam,
Pelos nenúfares dos rios que te rematam!




Imagem retirada algures da Internet

Poema nº 109 - Ode a Joana d'Arc, heroína da França


Ode a Joana d'Arc, heroína da França
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)


Os astros dançavam em torno da Terra,
Os cometas desfilavam pelo universo
Os querubins tocavam música nos altares celestiais,
O sol irrequieto não parava de sorrir
Diante da tímida Lua que ficaria iluminada
Naquela noite, naquela venturosa noite,
Em que nasceu Joana,
Filha de camponeses,
Filha de Domrémy,
Filha da fé de Deus!
Joana, como cresceste depressa!
Em ti, residia o amor por Cristo,
A pureza da tua virgindade,
A convicção do teu destino,
A refulgente espada da esperança
A tua energia que até o sol assimilava
O teu sonho em derrotar as trevas da escuridão
O teu sincero olhar de quem abominava a opressão!
Joana, tu eras a maior entre as mulheres,
A escolhida para libertar o teu povo!
Escuta, escuta bem a voz de São Miguel Arcanjo,
Obedece a Santa Catarina e Santa Margarida.
Corta o cabelo bem curto, coloca a tua armadura,
Despede-te da tua humilde família,
E marcha... marcha pelas brumas do tempo
Empunha a bandeira com a bênção de Jesus e Maria
Distribui o teu afecto pela França oprimida.
Combate em nome do bem e da justiça,
E devolve a crença ao mundo rural
Que tanto padeceu das atrocidades inglesas!
Ignora os invejosos que te apelidam de louca
Por apenas seres uma jovem rapariga
Proveniente duma desconhecida aldeia!
Oh! Eles não sabem do teu espírito glorioso
Desse teu acreditar peculiar
Dessa tua insaciável determinação
Que enche de cores as paisagens áridas
Que faz brotar faustosas flores nos desertos
Que amansa as feras e os escorpiões!
Joana, tens de rumar a Chinon,
Conversa com o delfim Carlos VII,
Conta-lhe da tua missão divina,
Convence-o a ceder-te uma armada,
E dirige-te depressa a Orleães,
Liberta a cidade do terrível assédio inglês,
Dá uma alegria àquelas desgraçadas gentes!
Deus está contigo, ele combate a teu lado,
Avança Joana, não temas a morte
Que é só o mundano drama dos vivos!
Age como uma leoa que protege os seus filhos,
Guia o teu exército de anjos,
Sobe às fortalezas e torres para cantares vitória,
Eleva o teu nome aos céus, onde vivem os heróis de outrora
Faz as estrelas ajoelharem-se diante da tua aura.
Ó Joana, salvadora de Orleães e do reino,
Graças a ti, Carlos VII será coroado em Reims,
Porque as vozes divinas que ouves
São os poemas que tens de recitar em vida!
Mas num dia, num malogrado e terrífico dia,
As nuvens cinzentas encobriram os céus,
O Demónio apoderou-se do Sol e da Terra,
E tu, formidável Joana, caíste nas mãos dos borgonheses
Perto das ingratas muralhas de Compiégne!
Foste vendida aos ingleses, cegos de ódio,
Que se queriam vingar dos teus incríveis feitos!
Chamaram eles àquilo um "julgamento"
Com um bispo a presidir à farsa diabolizante
Corrompida pela impiedosa mentira
Que te condenou à fogueira em Ruão.
Tinhas tu, Joana, uns floreados 19 anos.
Nesse dia, Deus não te conseguiu acudir,
Apenas esperou pela tua chegada em breve!
Antes de acenderem as chamas,
Beijaste com devoção a Cruz,
E amarrada ao destino,
Deitaste lágrimas que escorriam pela cara:
Lágrimas de dor,
Lágrimas de despedida
Lágrimas de glória
Lágrimas de luta
Lágrimas de amor
Lágrimas da tua França.






Quadro da autoria do pintor Pedro Américo (1840-1905)







Poema nº 108 - Um Sonho chamado Passado


Um Sonho chamado Passado
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)


Queria regressar ao passado
Corrigir a minha modesta história 
Esquivar-me a cada trilho malogrado 
E cultivar a árvore da boa memória!

Percorreria os bosques de nostalgia
Beberia da água das cascatas despidas,
Cheiraria as rosas repletas de fidalguia,
E cantaria um poema às musas ungidas.

Ascenderia aos céus e às estrelas, 
Seria o cavaleiro preferido de Marte,
Reuniria em mim a mais bela arte.

Mas o sonho é o almejar dos aventureiros,
Daqueles que não cedem à frustração
Para então triunfar com o dom da imaginação.





Poema nº 107 - Chave Dourada


Chave Dourada 
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)


Almejo a chave dourada 
Aquela que tudo decifra
Com a sua essência apurada
Que a ignorância escanifra!

Ela abre um rol de fechaduras
Descodifica segredos mundiais
Repara as infindáveis amarguras 
E só ela define os capítulos finais!

A chave propala imenso saber e poder: 
Derruba o sigilo das perversas mentes 
E purifica as manifestações decadentes!

Todos a procuram mas sem sucesso,
Ela não reside nesta porção do Universo,
Mas antes em Deus, seu supremo mentor.