Ode a Joana d'Arc, heroína da França
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Os astros dançavam em torno da Terra,
Os cometas desfilavam pelo universo
Os querubins tocavam música nos altares celestiais,
O sol irrequieto não parava de sorrir
Diante da tímida Lua que ficaria iluminada
Naquela noite, naquela venturosa noite,
Em que nasceu Joana,
Filha de camponeses,
Filha de Domrémy,
Filha da fé de Deus!
Joana, como cresceste depressa!
Em ti, residia o amor por Cristo,
A pureza da tua virgindade,
A convicção do teu destino,
A refulgente espada da esperança
A tua energia que até o sol assimilava
O teu sonho em derrotar as trevas da escuridão
O teu sincero olhar de quem abominava a opressão!
Joana, tu eras a maior entre as mulheres,
A escolhida para libertar o teu povo!
Escuta, escuta bem a voz de São Miguel Arcanjo,
Obedece a Santa Catarina e Santa Margarida.
Corta o cabelo bem curto, coloca a tua armadura,
Despede-te da tua humilde família,
E marcha... marcha pelas brumas do tempo
Empunha a bandeira com a bênção de Jesus e Maria
Distribui o teu afecto pela França oprimida.
Combate em nome do bem e da justiça,
E devolve a crença ao mundo rural
Que tanto padeceu das atrocidades inglesas!
Ignora os invejosos que te apelidam de louca
Por apenas seres uma jovem rapariga
Proveniente duma desconhecida aldeia!
Oh! Eles não sabem do teu espírito glorioso
Desse teu acreditar peculiar
Dessa tua insaciável determinação
Que enche de cores as paisagens áridas
Que faz brotar faustosas flores nos desertos
Que amansa as feras e os escorpiões!
Joana, tens de rumar a Chinon,
Conversa com o delfim Carlos VII,
Conta-lhe da tua missão divina,
Convence-o a ceder-te uma armada,
E dirige-te depressa a Orleães,
Liberta a cidade do terrível assédio inglês,
Dá uma alegria àquelas desgraçadas gentes!
Deus está contigo, ele combate a teu lado,
Avança Joana, não temas a morte
Que é só o mundano drama dos vivos!
Age como uma leoa que protege os seus filhos,
Guia o teu exército de anjos,
Sobe às fortalezas e torres para cantares vitória,
Eleva o teu nome aos céus, onde vivem os heróis de outrora
Faz as estrelas ajoelharem-se diante da tua aura.
Ó Joana, salvadora de Orleães e do reino,
Graças a ti, Carlos VII será coroado em Reims,
Porque as vozes divinas que ouves
São os poemas que tens de recitar em vida!
Mas num dia, num malogrado e terrífico dia,
As nuvens cinzentas encobriram os céus,
O Demónio apoderou-se do Sol e da Terra,
E tu, formidável Joana, caíste nas mãos dos borgonheses
Perto das ingratas muralhas de Compiégne!
Foste vendida aos ingleses, cegos de ódio,
Que se queriam vingar dos teus incríveis feitos!
Chamaram eles àquilo um "julgamento"
Com um bispo a presidir à farsa diabolizante
Corrompida pela impiedosa mentira
Que te condenou à fogueira em Ruão.
Tinhas tu, Joana, uns floreados 19 anos.
Nesse dia, Deus não te conseguiu acudir,
Apenas esperou pela tua chegada em breve!
Antes de acenderem as chamas,
Beijaste com devoção a Cruz,
E amarrada ao destino,
Deitaste lágrimas que escorriam pela cara:
Lágrimas de dor,
Lágrimas de despedida
Lágrimas de glória
Lágrimas de luta
Lágrimas de amor
Lágrimas da tua França.
Quadro da autoria do pintor Pedro Américo (1840-1905)
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