Nevoeiro Permanente
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Neste nevoeiro de paz minguante
Descortino a dúvida e a incerteza
Não sei se aguardo o sol triunfante
Ou se a chuva da torrencial tristeza!
Desconheço o futuro deste tempo
Que é-nos, no seu todo, indiferente!
Mas assisto ao bater das asas do vento
Ao voar das pombas e abutres do presente.
Chronos sente-se cansado e atordoado
Não sabe que caminho há-de seguir
Os deuses bem escutam as almas a carpir,
Porque o medo lhes foi, para já, sentenciado.
O anfiteatro está já com a lotação esgotada,
A luta entre o bem e o mal irá começar
Dum lado os leões que nos querem devorar,
Do outro, nós com uma esperança ilimitada!
Nesse dia, a neblina por fim se ocultará
A indefinição cessará com estrondo:
A luz irradiante do sol batalhará
Contra a escuridão deste mundo redondo!
Renascer ou desaparecer, vencer ou perder!
Não sabemos o que foi destinado à civilização
Mas empunhemos a espada com determinação:
Os maiores inimigos do bem haveremos de deter!
Imagem retirada de: http://sitiodasaudade.blogspot.pt/2004_08_01_archive.html
Notas extra - "Minguante" no sentido de declínio, diminuição da paz. Na mitologia grega, Chronos é o deus do Tempo e das Estações.
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