Luto Amoroso
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Não vejo agora em ti a alegria
Que outrora julgava ter achado
Num exercício de arqueologia sentimental!
Hoje divagas apenas pelos campos silvados
És refém de uma espiral turbulenta
Não me arrastes para o teu labirinto
Tudo se frustrou:
Projectos, sonhos, beijos,
Porque idolatras o impossível
Nem te dás conta da sombra
Que te cobre subtilmente.
Não penses que me declaro inocente,
Também te falhei,
Abriguei-me noutra floresta
Em vez de ser o teu incansável guardião,
Confesso-te:
Não sou o teu super-homem
Que procuras de forma insaciável,
Não sou tampouco um feiticeiro
Portador da receita miraculosa
Que te trará luz aos teus horizontes,
Talvez te reserves no direito de me censurares,
De me considerares uma fraude,
O fim do amor é tumultuoso
O luto pode ser violento,
Os teus sismos emocionais compreendem-se
Porém não te resolverão!
E em ti, sei que ainda há esperança,
Não por mim, que desapareci,
Mas pelas pegadas vindouras,
Reconheço-te sabedoria interior
E a beleza fisionómica de uma fada,
Não desistas de te procurar
E de te libertar dos densos arbustos
Que te agrilhoam dolorosamente,
O teu livro ainda não se fechou,
Ainda podes escrever muitos capítulos,
Não comigo,
Mas numa planície apaixonante
Junto do homem que te foi destinado!
Imagem meramente exemplificativa da autoria de Amanda Cass
Sem comentários:
Enviar um comentário