O teu chá
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
O teu chá
Leva-me até ao Oriente
Aos sonhos de porcelana
Aonde me transfiguro
Pairando sob o inédito,
Os meus olhos estão cerrados,
Mas vejo o que ninguém vê,
Sou o espelho de mim mesmo
Carrego a energia de um elefante
As garras de uma águia
O revestimento colorido das carpas koi,
Sou o que nunca fui,
Viajante da transcendência,
Todo o meu ego suprime-se
Em avalanches de ambições extintas,
Tornei-me num incógnito corpo astral
Acoplado pela órbita universal.
Já não me sei definir
Não há um padrão,
Regresso aos sonhos terrenos
Sou um samurai do Japão ancestral
Sou um mercador pobre de Bengala
Sou um monge abnegado do Tibete,
Sou tudo e sinto essa pluralidade na pele
E os minutos passam
Até que abro os olhos:
A xícara de Masala chai
Que me serviste
Viu o seu efeito chegar ao fim,
Esqueceste-te do açúcar!
Imagem meramente exemplificativa retirada da Página: https://chasorganics.com/
("Cha Organics")
Nota-Adicional: O poema procura fazer alusão directa ou indirecta a diversos territórios orientais (nomeadamente a Índia, China, Japão...) e a animais característicos (o elefante indiano, a águia cazaque e as carpas koi - carpas coloridas japonesas). Outra surpresa é a referência ao masala chai - chá de especiarias que conjuga inúmeros aromas - que é produzido no subcontinente indiano.
Sem comentários:
Enviar um comentário