Pelourinho da Consciência
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Tudo o que fazemos
Ou que fica por fazer
É motivo de julgamento
Seja num plano metafísico,
Seja somente na nossa consciência!
Cada ser humano
Conhece nas profundezas do seu interior,
Um pelourinho,
Um pelourinho que é antigo,
Que nos exige responsabilidades,
Que nos pode transmitir paz interior,
Ou que, pelo contrário,
Nos votará ao inferno dos remorsos!
Nem a justiça terrena logra equiparar-se
A esse pelourinho da consciência
Que consegue ser mais penalizador
Mais tortuoso, mais eficaz
Porque visa a alma, e não o corpo!
Somos nós próprios que o erigimos
Num sentido orientado para o Céu,
Mas numa abordagem centrada em Terra,
Onde todos os actos são auto-avaliados!
Esse pelourinho da justiça interior
Expõe as nossas falhas, as nossas culpas,
Denunciando o orgulho negligente
E até o egoísmo deprimente!
Se o soubermos ter em consideração,
O nosso pelourinho será apenas um monumento
Para fins ornamentais,
Sem qualquer funcionalidade relevante;
Caso contrário,
Ele ficará manchado de sangue,
De humilhação e de vergonha,
Porque a auto-consciência é o tribunal mais rígido
Que exerce os poderes da nossa existência
E ainda bem que assim o é!
Pois é esse pelourinho que nos incute discernimento
Que separa os verdadeiros humanos dos "animais",
Que nos impõe limites à nossa conduta,
Para que possamos todos contornar as muralhas de ódio,
Penetrando assim no coração puro da Humanidade!
Foto - Daniel Jorge (Pelourinho de Bragança)
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