Navegador Valente
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Quem é aquele marinheiro
Que ousa contornar o cabo da Morte,
Desafiando a vontade dos deuses do mar?
Não conhecerá ele a fúria do Adamastor
E de outros monstros marinhos
Que devoram todas as embarcações
Que por ali passam?
Desejará ele conhecer os mausoléus náuticos
Que se ocultam nas profundezas marítimas?
Ou quererá antes embater nos fatais rochedos,
Com o seu corpo a desembocar numa praia deserta
Partilhando do destino de muitos náufragos
Abandonados pelas ninfas da glória?!
Bartolomeu, porque procuras então o suicídio?
Não terás familiares e amigos?
Mas o pessimismo é algo que não te demove:
Não, tu não és um aventureiro qualquer,
As tuas origens não te desmentem,
Tens os genes desse destemido povo
Que de pequeno se fez colosso,
Destruindo mitos e abrindo novos horizontes!
Às tormentas, Bartolomeu impôs a boa esperança,
Às incertezas, Bartolomeu contrapôs com a fidúcia,
À escuridão, Bartolomeu avocou a luz.
E naquele dia vitorioso,
Em que o cabo foi dobrado
O então almirante da caravela “São Cristóvão“
Subiu eufórico ao mastro
E clamou por fim:
“Não há gigante algum que derrube a alma lusitana”!
Retrato retirado de: http://www.marinha.pt/
Nota-Extra: As caravelas São Cristóvão e São Pantaleão dobraram o Cabo da Boa Esperança em 1488. A façanha de Bartolomeu Dias permitiu descobrir novas terras e mares, acabando igualmente por garantir acesso ao Oceano Índico (embora este ainda situado um pouco mais a leste). Todavia, ironicamente Bartolomeu Dias, após alcançar tal tremendo êxito, teria acabado por sucumbir nas proximidades do cabo numa expedição posterior ocorrida em 1500, quando os portugueses tentavam dirigir-se à Índia. Não obstante, isso não lhe retira o mérito do feito então alcançado em 1488 e que merece o nosso reconhecimento.
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