Falta-nos ser como as crianças
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
As crianças são prodígios da Natureza,
Que mesclam a inocência do seu pensamento
Com a fantasia dos seus sonhos.
Elas são cascatas de água cristalina
Que purificam os rios maduros já poluídos
Pelas arremetidas da mentira humana!
Sim, todos nós deveríamos ser como as crianças,
Comungar da sua candidez
Para quebrantar o rancor e o ódio
Que apenas germinam conflitos fúteis!
Na verdade, “nós” adultos não sabemos velar por elas,
Não logramos preservar o seu tesouro encantador,
E, através da nossa medíocre negligência,
Arrastamo-las para as ruas da mortandade,
Seja na Síria, em África ou noutras regiões destroçadas!
“Nós” adultos não sabemos partilhar
Como as crianças o fazem genuinamente,
Egoístas, queremos tudo para o nosso conforto,
E nos olvidamos de todos os que sofrem
Porque não têm leite e pão
Porque não dispõem de médicos,
Porque choram a perda atroz das suas famílias!
Mas o maquiavelismo adulto não se fica por aqui:
“Nós” lançamos bombas que arrasam aldeias e vilas,
Minamos terrenos onde as crianças jogam à bola,
Destruímos os seus belos sonhos pela obsessão do poder!
E nós do Ocidente,
Que nascemos num berço capitalista,
É-nos logo ensinado a aceitar as injustiças do mundo,
Somos desencorajados na esperança
Por um mundo mais justo e fraterno
Porque simplesmente renegamos as nossas origens,
As nossas almas humildes dos tempos de criança,
E deixamo-nos silenciar ou até corromper
Pelos pecados enraizados das sociedades adultas,
Permitindo que a tirania triunfe sobre a fantasia!
Mas desenganem-se todos aqueles
Que julgam que o Sol apenas nasce para os poderosos:
O Sol não é hipócrita
Nem tampouco se acomoda,
Porque “ele” bem sabe
Que é a alegria das crianças
Que é o seu companheiro de esperança
Para que a Humanidade possa acordar para um novo dia,
Um dia em que todas as crianças sejam tratadas como “príncipes”!
Foto retirada de: https://www.dino.com.br/releases/mais-de-800-milhoes-de-pessoas-passam-fome-no-mundo-diz-estudo-dino89093694131
Nota-Extra: Poema escrito após ter lido uma notícia que relatava o caos reinante em Alepo, a segunda cidade mais importante da Síria, sendo que esta urbe tinha inclusive ficado sem o seu último pediatra...
Sem comentários:
Enviar um comentário