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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

domingo, 5 de fevereiro de 2017

Poema nº 216 - Não ficarei cá


Não ficarei cá
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)

Não ficarei cá
O desconhecido chama-me,
O anjo da morte já me escreveu
Uma longa missiva
Antecipando em breve
O nosso derradeiro reencontro!
Não tenho muitas esperanças,
Serei ilusão de um passado distante
Pó de um futuro sem narrativa!
Mas elas, as minhas ninfas,
Conhecerão uma sorte diferente:
Encontrarão nos meus versos
O bastião para a sua imortalidade!
Continuarão a viver nos meus poemas
Abrigadas pelas muralhas do anonimato
Que as resguardarão dos vilões
E dos demais mal-intencionados!
Elas, flores de aroma curandeiro,
Permanecerão sempre esbeltas,
Tal e qual as visionara
Pela primeira vez!
Cá ficarão a sarar as feridas
De muitos leitores vindouros
E inspirarão outros poetas, mais tímidos,
A escalar a torre da felicidade!
Elas nunca envelhecerão,
Serão imunes ao tempo,
Se tornarão música em papel!
Partilharão até da majestosidade
Da rainha Tamara
Idolatrada pelos poetas georgianos!
E eu, Laurentino,
Protótipo de Shota Rustaveli,
Pintarei os seus retratos nas paredes
Do meu templo gótico
Consagrado às paixões impossíveis!
E em cima do meu altar de pedra
Repousará um livro sagrado,
Rasurado por inúmeros versos
Onde relatarei as epopeias
Das mulheres mais chamejantes
Que cativaram o meu coração!
E quando chegar o final do meu existir,
Espero que as minhas cinzas
Sejam depositadas junto aos carvalhos
Que envolvem o santuário
Onde já não poderei reentrar,
Mas do qual saí
Depois de plantar o amor!








Nota-Extra - A rainha Tamara e o poeta (e ainda pintor) Shota Rustaveli foram figuras de relevo da Geórgia Medieval. A primeira foi venerada pelo seu povo (devido às suas capacidades políticas e à sua beleza), enquanto o segundo escreveu uma epopeia em versos. Entre os séculos XII e XIII, este reino do Cáucaso alcançou o seu apogeu político, comercial e cultural.

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