Desconheço-me
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Desconheço-me
Neste existir turbulento
Onde eu sou refém do sonho,
Do limbo que paira na ilusão!
A cada dia, padeço dum despertar
Que é sombrio e desencorajador
Acarretando indefinição
E todo um sacrifício ciclónico
Que vulgariza o meu ser
Apadrinhado pelas amarguras!
Sou agora um cravo murcho
Renitente diante da democracia.
Sou agora uma rosa arrancada
Que viu o amor fugir.
Sou agora um manto de silvas
Que cobre os meus caminhos
De uma forma sagaz e azeda,
Fazendo das potenciais saídas
Autênticos e intransponíveis becos
Que me prendem nesta depressão
Nesta carência contínua,
Neste labirinto de miragens,
Onde não encontro a dócil alma
Que possa curar o meu interior
E enviar-me para a luz da paixão,
Transformando a sonolência criativa
Numa realização mundana positiva.
Imagem retirada de: http://fluxodopensamento.com/page/10/
Sem comentários:
Enviar um comentário