Céu de Cinza
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
O céu,
Vejam bem o céu
E como ele se agasalha
Com um casaco em tons acinzentados,
Para se resguardar da incúria humana.
Não é pois a frieza temporal
Que aniquila os povos
Mas antes a algidez humana
Radicada na indiferença dos poderosos
Face ao calvário dos mais oprimidos!
Esse céu que se esconde timidamente
Em pleno Outono
É para os mais pobres
O refúgio das suas esperanças futuras,
Mas os ricos
Vêem-no como intercessor transcendental
Dos méritos que solidificam a sua soberba.
Na verdade,
Estes versos não nos levam a lado nenhum:
São meras folhas caídas
Dispersadas pelo vento
Que sopra pelas calçadas desertas
Sem que ninguém o queira presenciar.
Amanhã,
Quando o céu acordar,
Talvez já não estejamos cá,
E a Terra não seja mais que o seu reflexo,
Nu, triste, mórbido e depressivo,
Vítima do capitalismo e da ganância
Que vilipendiaram a fraternidade
E os últimos bastiões da moralidade.
Imagem retirada de: http://ovoodafenix.com.br/ceu-cinzento/
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