A luz foragida de Júpiter
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Ao longe, eras um sol
Que esculpia torrentes de inspiração,
Protegendo a lua enlutada
Que te confiou o dia
Só para que esboçasses
O sopro sorridente da vida.
Mas ao perto,
Tornaste-te imprevisível
Como um asteróide enraivecido
Que fez tremer a terra,
Fazendo tombar o meu coração
Por entre as fissuras do solo
Cavando novos precipícios
Que desciam solitários
Até ao negrume do vazio infinito.
E tu, mulher:
Sol querido e Asteróide revolto,
Sumiste-te por entre os portões
Do Palácio de Júpiter!
Deixaste de iluminar o meu dia,
De ser a candeia dos meus sonhos,
A fogueira do meu singelo coração,
E desapareceste,
Como um asteróide,
Rumando para outra galáxia,
Sem que te declarasse o amor
Que nutria por ti,
Sem que depositasse no teu dedo
Um dos mais belos anéis
Que Saturno me havia cedido
Para elevar a tua fisionomia supra-natural!
Foto retirada algures do Google Imagens
Notas extra para melhor compreensão do poema. 1- Deus Júpiter - deus romano do dia. E daí a importância da musa que alumiava o dia mas que depois se dissipou por entre o vácuo do Universo. 2 - Saturno. Referência aos anéis deste planeta.
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