A Sumição do Comboio
(Poema livre da minha autoria)
Engolfado pelos sonhos densos
Que a Lua me endereçava,
Seguia eu com os meus colegas
Num comboio
Que trilhava linha à beira-mar
Entre Espinho e Granja!
Das janelas, via-se o mar
Com um semblante bravo,
Concentrando em si a fúria de Poseidon
E parecendo querer tomar tudo em redor!
E as primeiras ondas começaram
A ameaçar a estabilidade do comboio
Derrubando dunas e passadiços
E embatendo na máquina ferroviária.
Em segundos, uma onda maior se formou,
O maquinista ainda abriu as portas
E eu, em poucos milésimos, logrei fugir,
Sorte reservada a poucos.
A maior parte da tripulação seria engolida
Pelo mar, pela crueldade do destino.
E nem os nadadores-salvadores
Chegariam para acudir os que se afogavam.
Depois acordei,
Aliviado e consciente de um pesadelo,
Os meus colegas estavam vivos e de saúde,
Mas metaforicamente,
O comboio era um ciclo de vida,
O mar era o tempo trajado à atleta,
E o meu mundo era a minha vida fugaz
Dada a esquecimentos sucessivos,
A desencontros múltiplos,
A desaparecimentos silenciosos
De almas amigas inspiradoras
Que integraram momentos,
E apenas momentos,
Desta minha madrasta peregrinação!
Praia sita entre Espinho e Granja/São Félix de Marinha com linha ferroviária. Foi aí que se incidiu o meu sonho/pesadelo.
Foto - Playocean.net
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