A Mortalha de Saladino
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)
Cai o dia, adormece o sultão
Engolfado na escuridão lunar
Sonhando com a sua salvação
Depois de uma epopeia singular.
Arquitecto do império da glória
Aguarda pelo anjo da sua alma
Sente o epílogo da própria história
O derradeiro sopro que tudo acalma!
Magnificente, abdica do seu tesouro
Manda distribuí-lo pelos mais pobres
Porque ele foi rei de feitos, não do ouro!
E na hora do luto, é a sua mortalha desfilante
Que, cravada na lança, é exibida ao exército
Como exemplo da sua liderança gratificante.
Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://twitter.com/hashtag/saladin
Nota-Extra: Da mesma forma que elogiamos figuras da Cristandade, também o faremos em relação a personalidades doutras convicções religiosas. Saladino foi Sultão do Egipto, e responsável pela conquista de Jerusalém aos cristãos em 1187. A sua tomada deu-se através de um tratado após um mês ou dois meses de assédio. Saladino poupou a vida dos cristãos residentes (mediante um pagamento de resgate da parte destes) e acabaria, mais tarde, aquando do tratado que colocou fim à Terceira Cruzada, de autorizar a presença das três grandes religiões em Jerusalém. Apesar de ter batalhado contra os cruzados, Saladino respeitava os seus líderes e era conhecido ainda pela sua tolerância, nobreza e cavaleirismo. O episódio da "mortalha" é aparentemente verídico. Já moribundo, Saladino abdicou de todos os bens e do cofre real, mandando distribuir tudo para a caridade. Como um dos últimos pedidos, desejou que a sua mortalha fosse exibida, numa lança, à frente do seu exército, de forma a passar um exemplo de humildade aquando das exéquias.
Sem comentários:
Enviar um comentário