Queimem os ossos do génio
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Queimem os ossos do génio,
Nesses lampejos sádicos
Do fogo sem alma
Que consome a madeira
Do cadafalso
Carrasco do orgulho humano!
Admitam que as ordens que seguis
Não são celestiais
Em vós, reside a inclemência
O alimento do ódio
Que persegue as minorias
Sonhais com um mundo tenebroso
Para quem é diferente de vós.
A vossa frustração é assombrosa
O médico de Castelo de Vide
Fintou-vos em vida
Ninguém o desafiara
Porque a sua reputação
Granjeou a admiração de reis!
Dizeis mal dele e do Pedro Nunes,
A vossa inveja é mãe da ignorância
Mas contentai-vos em fazer desaparecer
Os restos mortais
Do já falecido Garcia de Orta.
Atirai ainda para a fogueira
As suas imensas obras
Podeis fazer tudo!
Mas jamais extinguireis o pensamento
Do sábio das plantas medicinais.
E antes que me cortem a língua
Por blasfémia ou injúria
Perguntarei nesta viagem do tempo:
Clérigos inquisidores, que fazeis vós?
Talvez sofrais de amnésia colectiva?
Não aprenderam nada com Jesus?
Obliteraram o amor da missão divina?
O perdão e a compaixão perderam-se?
Ciência e Religião
Desde sempre adversárias,
Quando não inimigas,
Talvez um dia
Bem longe dos tempos actuais
Parceiras...
Imagem nº 1 - Potencial retrato de Garcia de Orta (1501-1568)
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