Amparem o Rodolfo
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Amparem o Rodolfo
Um sem-abrigo de Lisboa
Por todos esquecido.
Já foi criança
Mas a realidade engoliu seus sonhos
Furtou-lhe os filhos
Tirou-lhe a esperança de viver.
Quem é o Rodolfo?
Os deputados santarrões respondem:
Um sem-abrigo de identidade renegada
Um testemunho que não importa citar
Uma nuvem social que devemos consentir
Como se fosse uma inevitabilidade natural
Um mal menor!
O Presidente vem para a televisão
Apela ao fim do seu drama,
Mas o que os governos fazem?
Debitam discursos floreados
De consequências poeirentas;
Podiam trabalhar no deserto
Já que atiram tanta areia para os olhos!
Amparem o Rodolfo
Um sem-abrigo de Lisboa
Por todos esquecido.
E amparem o político português
Porque se resigna na omissão
Não conhece o seu povo
Não sabe o que é fome!
Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://ionline.sapo.pt/artigo/640096/qual-a-estrategia-para-a-populacao-sem-abrigo
Nota-Adicional: Poema que lamenta a reprovação parlamentar de um documento identificativo proposto para cada sem-abrigo. Ainda não é desta que os homens da rua (esquecidos pela sociedade) têm sequer direito à sua identidade.
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