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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

domingo, 4 de dezembro de 2016

Poema nº 193 - A Final do Monte Olimpo


A Final do Monte Olimpo
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)


Como estão eufóricos 
Os Deuses do Olimpo
Que banqueteiam com as glórias
Daquele desporto que seduziu os humanos!
Ali se achavam Eusébio, George Best, Crujff,
Príncipes entre os mais comuns mortais,
Todos desejosos de assistir à grande partida
Onde a entrada da Humanidade seria vetada
Decorrente dos seus limitados horizontes!


A noite chega, a hora é dourada,
O estádio do Além enche-se de almas!
De um lado, o grande Torino,
Penta-campeão da década de 40,
Clube príncipe da cidade de Turim,
Orgulho das divindades italianas!
Valentino Mazzola enverga a braçadeira
O capitão promete fazer balançar as redes,
Enobrecendo a distinta arte do futebol!


Do outro, uma equipa oriunda de Chapecó,
Símbolo da Humildade Brasileira
Espelho das ancestrais tradições indígenas, 
Que acaba de arribar à dimensão superior,
Para jogar agora a derradeira final diante dos Deuses
Perante aquele glorioso clube italiano.
Cléber Santana é o maestro da equipa,
O criativo que torna os sonhos possíveis,
E que faz desfilar o verde da esperança!


E nós, mundanos mortais, que hoje choramos
Por não assistir a tal epopeia futebolística,
Invejamos as divindades que o fazem,
Troçando das nossas imperfeições!
Restam-nos as lágrimas derretidas junto à Basílica de Superga
Ou espargidas pelas montanhas de Cerro Gordo,
Concebendo-se assim um rio de eterna saudade
Por aqueles mártires do desporto elevados aos Céus
Para servirem, na sua arte, os deuses egoístas do Olimpo.




Imagem nº 1 - Equipa maravilha do Torino durante a década de 1940. Em 1949, e já na viagem de regresso após um jogo amigável com o Benfica, a aeronave que transportava a equipa embateria fatalmente contra a Basílica de Superga, vitimando todos os seus tripulantes.




Imagem nº 2 - Equipa sensação da Associação Chapecoense que iria disputar, em 2016, a final da Copa Sul-Americana. No entanto, o avião que levava a equipa brasileira cairia em Cerro Gordo (Colômbia), terminando assim em tragédia o seu sonho (71 mortos registados, 6 sobreviventes).
Retirada de: http://www.goal.com/


Nota-Extra: Com este poema, pretendemos prestar a nossa homenagem a estas duas grandes equipas cujo percurso notável foi, em parte, silenciado pela ironia sádica do destino. Todos os jogadores (bem como os restantes tripulantes) que faleceram em ambos os desastres aéreos merecem ser por nós recordados para a eternidade. Viva o Torino, viva a Chapecoense!

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