A Flor dos Ventos
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Recitem-se os salmos da natureza,
Porque dos montes áridos alentejanos
Irrompem rajadas de sonetos
Que convergem rumo ao Norte,
Fretando vivências singulares
De angústias incessantes
De amores frustrados
De sonhos por desvendar!
Os ventos dessa sua inspiração
Eclipsaram-se do interior adormecido
Para agora se dispersarem pela costa,
Penteando o mar virgem
E acarinhando o areal macio,
Na certeza de que o afecto,
A terapia imprescindível da humanidade,
Poderia erigir novos castelos de paixão!
E ali estava ela,
Junto à charneca de uma lagoa,
Com miradouro perfeito para o mar:
Uma flor especial
Cujas pétalas tricolores
Eram afinal rimas genuínas
Que encimavam as dunas da ignorância
Para abraçar os novos ventos modernos
Dos quais, ela também fora empreendedora!
Foto - RTP
Nota-Extra: Poema de homenagem a Florbela Espanca, onde procuro no final do mesmo, aflorar a sua passagem por Esmoriz (referência indirecta a uma lagoa - Barrinha de Esmoriz, e ao próprio mar), como fonte natural da sua inspiração, visto que alguns eruditos acreditam que ela escreveu versos durante os dois anos em que esteve aqui viver. Uma das suas principais obras chama-se mesmo "Charneca em Flor", podendo mesmo esta conter versos escritos durante a sua estadia na então aldeia de Esmoriz por volta do ano de 1925.