Jardim de Desejo
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Sei que já não me lês,
O meu café tornou-se amargo
Só de pensar nesse infortúnio,
Reduzi-me ao abrigadouro da ilusão
Visão romântica da solidão
Que perpetua o teu nome
Nos meus lábios!
O vento faz estremecer os guarda-sóis
Nesta esplanada à beira-mar,
E eu, com a pele arrepiada,
Perco-me por entre a simpatia
Depositada pelas empregadas,
Penso ver o teu sorriso
Nos rostos delas,
Mas a mente finta a realidade,
E eu consinto os seus truques
Só para acalentar a infundada esperança!
Após incessantes divagares,
Uma surfista desce pelas escadas
De acesso ao bar costeiro
Onde me encontro,
Carrega uma prancha colorida
Pronta para enfrentar as ondas,
Da sua cara amorenada
Uma cicatriz, em forma de vírgula, sobressai
Aformoseando uma das suas sardas maçãs,
O seu cabelo louro
Parece contaminado pela luz do Sol,
Será estrangeira?
Não sei,
Talvez seja altura de saber,
De escapulir-me pelos portões do obsoleto bastião,
E conhecer novas flores
Para que o meu solo arenoso
Se torne num deslumbrante jardim!
Imagem retirada de: https://acertandooalvo.wordpress.com/2012/07/13/flores-e-espinhos/
Sem comentários:
Enviar um comentário