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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

sábado, 23 de novembro de 2019

Poema nº 373 - O Coração de D. Pedro IV


O Coração de D. Pedro IV
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)


O teu coração é de ouro
Porque cerceou injustiças
Saciou os desfavorecidos
Clamou pela liberdade,
E com o Grito do Ipiranga
Acalentou o sonho de um povo!

O teu coração é de ferro:
No Porto, resististe ao cerco
Combatendo como um soldado raso!
Pela causa da tua filha:
Viste camaradas a tombar a teu lado
Verteste lágrimas de incompreensão.

O teu coração é diferente
Não prioriza nações
Mas orbita entre os ideais nobres!
Mais do que te tornares rei ou imperador
Quiseste sempre ser o herói
Em todos os capítulos da tua vida.

O teu coração é uma relíquia das luzes:
Bateste-te contra as tiranias
Sempre partindo em desvantagem
Contra adversários poderosos!
A paixão e a coragem te alimentavam
A cada dia, a cada vitória!

O teu coração é de madeira
Porque projectou um novo advento
Mediante modestos alicerces,
Poderias ter-te antecipado em vão
Mas afrontaste as sombras
Desembainhando a tua heróica espada!

Fecharam-no a cinco chaves
Esse teu coração de grandeza invulgar,
Ele colapsou quando ainda eras jovem
Mas trabalhou a esboçar a eternidade,
Quantos corações não se salvaram
Na hora em que abriste o portal da liberdade?





Imagem nº 1 - O coração de D. Pedro IV, rei de Portugal e imperador do Brasil, encontra-se guardado num vaso de prata dourada na Igreja da Lapa (Porto).



Nota Adicional: D. Pedro IV foi responsável pelo Grito do Ipiranga (1822) que levou à Independência do Brasil e ao ensejo deste povo multicultural em seguir o seu próprio trilho. Acabará depois por abdicar do título de imperador. Terminará, nos últimos anos da sua vida, a lutar pelo liberalismo e pela causa da sua filha, a rainha D. Maria II de Portugal, contra os absolutistas de D. Miguel que já controlavam o país. Em 1832, sai dos Açores, arquipélago onde se haviam refugiado vários liberais, e desembarca na Praia de Matosinhos. Em breve, chega triunfantemente ao Porto, mas é logo ali cercado pelas forças absolutistas. Após um ano de cerco, os liberais vencem, depois de imensos sacrifícios, e conseguem recuperar muitos mais territórios, forçando D. Miguel ao exílio na Itália. D. Pedro morreria muito pouco tempo depois.

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