Os cacos do meu "eu" fragmentado
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Não me sei definir,
Talvez, nunca soube,
Sou analfabeto de mim mesmo!
Na verdade,
Não sei quem sou
Ou para onde devo ir,
Sou a hipérbole da incerteza,
A metáfora do medo
Que, sob a forma de nuvem,
Supervisiona o meu mundo!
Não consigo confiar
Porque tudo é transitório,
Os meus instintos são cegos
Apenas influenciados em vão
Por emoções contraditórias.
Interrogarem-me sobre isto
É o mesmo que extorquir dinheiro
A um pobre esfomeado,
Não é justo,
Não é moralmente conclusivo
Porque navego numa filosofia
Que não me simplifica
Apenas faz adiar o meu eu:
Sobram-me os cacos de vidro
Subtraídos pela minha alma,
À espera que consiga um dia
Colá-los e unir-me finalmente,
Num só e indivisível eu,
E aí sim,
Me tornarei sábio,
Porque dominarei a ciência
Mais nevrálgica:
Aquela que me personifica.
Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://vivaascoisasdoamor.blogspot.com/
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