Dia dos (Vivos) Defuntos
(Poema livre da autoria de Laurentino Piçarra)
Que dia mais melancólico é este
Em que cemitérios
São inundados
Por torrentes de lágrimas
Que caem pelas cascatas humanas
Alimentadas pelos rios de saudade!
O passado já não volta,
A dor é angustiante,
Mas a verdade é só uma:
Os entes queridos pertencem ao Universo
E ao seu derradeiro segredo,
Mas em mim,
Confesso-vos
Que subsiste o maior dos cemitérios,
Silencioso e de pendor gótico.
Ali se encontram:
Mausoléus de amizades que se perderam,
Jazigos de gentes que deixei de ver
Sepulturas de ocasionais conhecidos,
Todos perecidos no trilho da memórias
Que me integram desde a infância!
Sinto-me ali um visitante plangitivo
Forçado pela existência
A aceitar a efemeridade de tudo,
Mesmo que muitos desses meus defuntos
Ainda respirem hoje de forma sã!
Mas nada será como dantes,
Tudo tende a desaparecer
Aos nossos olhos,
Até que nós sejamos os próximos
A sermos esquecidos!
E os outros
Como nos recordarão nos seus cemitérios?
Que lápides nos dedicarão?
Imagem meramente exemplificativa retirada de: https://www.zona33.com.br/2014/09/10-cemiterios-mais-assombrados-do-mundo.html?fbclid=IwAR1gKwk-c5wMaboMbbQ5MbsSthzeKqLueOFzzCr-8A7sNwmUpPJj_7Yoc_o
Nota-Extra: Poema escrito a 2 de Novembro, Dia dos Fiéis Defuntos em Portugal.
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