Cais da Alvorada
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)
Sei que tenho por aí um barco
Não me perguntem onde o deixei
Porque todo o sal do mar é amargo
E as correntes, veredictos que enfrentei!
Não desafio que o encontrem por mim
Porque ele é filho do nevoeiro incerto
E não vos servirá para qualquer fim:
Ele só terá rumo se me tiver por perto.
O barco preserva a sua alma esquecida
Mesmo que a sua madeira não me fale
Nos dias em que o seu cais cede à filosofia.
Sou mais um náufrago da maré agitada
Mas não sou o único capitão sem leme
Milhões procuram o navio da sua alvorada.
Foto da autoria de Stefan Liebermman. Porto/Cais de Palafita - Comporta.
Sem comentários:
Enviar um comentário