O Hospital da Despedida
(Soneto da autoria de Laurentino Piçarra)
Que dores agoniantes no abdómen!
Aqui estou eu no corredor sombrio,
Nesta cama móvel que é um dólmen
Que me dedica um olhar triste e vazio.
A meu lado, pacientes que choram,
Traídos pela única certeza do destino!
Heróis que uma vida inteira trabalharam,
Mas agora sós à espera do fúnebre sino!
Chamam pelo seu médico, mas em vão:
Está a aplicar uma injecção de austeridade
Porque a contabilidade supera o corpo são!
Outros doutores não têm mãos a medir,
O velório do pobre começa ainda em vida,
E para quem sempre lutou, só adianta carpir!
Imagem retirada de: http://geracaox.livreforum.com/
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