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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

sábado, 2 de maio de 2015

Poema nº 30 - Em Comunhão com a Natureza Mítica


Em Comunhão com a Natureza Mítica
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)


Como adorava viver junto a um riacho
Onde veados e raposas matavam a sede!
No interior da casa, me acostava à parede,
E atraído, depois saía recalcando o capacho! 

Queria ter asas e voar como uma borboleta,
Ascender às montanhas dos lobos uivantes
Cheirar, pelo caminho, cada formosa violeta
E coadjuvar na dança as gaivotas rutilantes. 

Subiria às pontes de madeira que existissem
E que outrora acolheram Deusas levitantes 
Que trovavam quadras amorosas hipnotizantes,
Acompanhadas pelos rouxinóis apaixonantes.

Mas tive de me contentar, remando uma canoa!
Por entre as margens rochosas e pantanosas
Procurava anões laboriosos e fadas bondosas,
Fantasiando a visão que a minha alma escoa.

Aportei num sítio repleto de potes de ouro,
Mas a névoa toldava-me a real percepção 
E quando desembarquei no ancoradouro,
Fui assaltado pelos duendes da perdição!

Deixaram-me só de cuecas e desnorteado,
E fugiram com o ouro - o isco da sua cilada,
E eu, qual robalo ingénuo, fiquei angustiado
Porque cá me tinha metido numa trapalhada!

Ninguém ouvia os meus desabafos lacónicos,
O frio do entardecer atormentava o corpo!
Tinha perdido noção dos pensamentos metódicos
E não sabia como regressar deste rumo torto!

Chorei e lacrimejei até à extrema exaustão!
Mas ao beber a água duma fonte abandonada
Apareceu-me Abnoba, Deusa da Floresta Negra 
Que me curou a mágoa e guiou até à salvação.

Ó como tu conquistaste o coração da Natureza 
Garças, flamingos e linces seguiam-te lealmente!
A elegância notável que evidenciavas prontamente 
Fazia-me ajoelhar perante a tua singular beleza!

Graças a ti - Abnoba, retornei ao doce lar para repousar
Acendi a lareira, e aqueci a minha pele torturada
Lavrei um manuscrito a registar esta aventura floreada
E depois adormeci rumo ao universo do subconsciente!




Quadro da autoria de Thomas Kinkade

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