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Nesta página electrónica, encontrará poemas e textos de prosa (embora estes últimos em minoria) que visarão várias temáticas: o amor, a natureza, personalidades históricas, o estado social e político do país, a nostalgia, a tristeza, a ilusão, o bom humor...

terça-feira, 12 de maio de 2015

Poema nº 42 - O sineiro do salubre despertar


O sineiro do salubre despertar
(Quadras da autoria de Laurentino Piçarra)


Assomava-se o indescritível sol matinal:
Na horta, cacarejava um galo embevecido,
As flores reemergiam com tonalidade imortal 
E o sono era pelo homem comum vencido. 

Na aldeia, residia uma igreja à beira-mar,
Que ostentava, numa torre, um sino salutar 
Instrumentalizado pelo pontual Celso, 
Um ancião humilde mas de perfil excelso. 

Eram 9 horas e lá estava o velhinho:
Tocava até à exaustão para o povo acordar
Não havia preguiçoso que conseguisse escapar
Às badaladas que iludiam o pleno descaminho.

Até as furiosas ondas do mar se arrepiaram;
Atordoados, saíram da cama os filhos do vinho
E inclusive os inúteis zombeteiros sem destino
Que nos mundanos prazeres se acomodaram.

Celso trajava-se com vestes foleiras,
Elaborava peças de barro por divertimento
Censurava as mais infames asneiras,
E auxiliava os sem-abrigo cedendo alimento.

Havia quem troçasse deste pobre idoso
Por não conviver com as influentes elites
Que erguiam a soberba em estalactites
E desprezavam o seu aspecto andrajoso. 

Numa manhã, Celso não compareceu
Um anjo o visitara durante o intenso luar
Convidando-o a estrear o novo sino estrelar,
Enquanto a aldeia terrena, naquele dia, adormeceu!





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