O Ano do Confim Memorial
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Folheado como um livro em couro
De 365 páginas longas mas estáticas
O ano mundano findaria no cremadouro
Com as suas vivências catedráticas.
Eclipsaria para a inevitável eternidade,
Refugiar-se-ia nos mórbidos arquivos
Cujos escritos assinalavam sua exclusividade
Ameaçada de plágio por novo ano cheio de perigos!
Mas eu que, com saúde, arribei ao ano velho,
Testemunhei o derradeiro olhar da Natureza
Que me pré-destinou à morte sem conselho!
Não alcançaria a tradicional passagem festiva
Porque desse ano não conseguiria escapulir
Prendeu-me pois, sem o usufruto do porvir!
Contudo, após o meu tristonho velório,
Foi o ano sepultado com festejos apoteóticos,
Mas ninguém logrou libertar-me das suas garras!
O fogo de artifício percorria em êxtase os céus
Mas eu encoberto pela campa modesta e solitária,
Jamais consolaria aqueles que deixei - os familiares meus!
Imagem retirada de: http://petitelefant.com/magical-polish-cemetery/
Sem comentários:
Enviar um comentário