A Rosa que perdi no Matagal
(Poema da autoria de Laurentino Piçarra)
Na terra solarenga de Fernão Brandão,
Entrelaçava-me pelos rotineiros silvados
Recriados junto aos pinheiros desacautelados
Isentos agora de vivacidade e emoção.
Mas algures na egrégia Quinta do Engenho
Subsistia uma rosa com reportado empenho
Circundada pelas esbeltas pétalas das virtudes
Que conduziam minha alma à maior das plenitudes!
Não! Não optei por colher luzidio exemplar!
Julguei-me indigno para sequer o merecer acariciar,
Quando me arrependi, já era fortuitamente tarde demais!
Que intensa dor se apoderou dos meus sentidos,
Lacrimejei junto a uma decrépita fábrica de papel
Porque a sorte não se apresentava sincera nem fiel.
Mas como esta vila era um lugar de pergaminhos,
Os quais se enrolavam com rigor desde os tempos medievais,
Desabafei e redigi estes versos pejados de cores fatais.
Fi-lo angustiadamente com uma lentidão penosa e ímpar,
O manuscrito com a sua afinidade enxugava a água dos meus olhos,
Porque afinal usurparam-me a flor rejubilante que ousava endeusar!
Foto da autoria de José João Roseira
Retirada de: http://www.panoramio.com/photo/94146657
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